quinta-feira, 26 de março de 2009

ASSOCIAÇÃO DAS PROSTITUTAS DO AMAZONAS - AS AMAZONAS

Associação das Prostitutas do Amazonas - As Amazonas
Aqui em Manaus está havendo uma discussão, altamente polêmica, na Câmara Municipal sobre a concessão do título de utilidade pública à Associação das Prostitutas do Amazonas. A entidade, conhecida como "As Amazonas", existe desde março de 2008 e se dedica a amparar e orientar as chamadas "profissionais do sexo. A proposta do vereador Leonel Feitoza (PSDB) defende o direito de prostitutas, gays e lésbicas receberem benefícios de serviços públicos e de serem reconhecidos como pessoas e terem dignidade. Segundo o vereador, o projeto visa beneficiar mais de 300 mulheres associadas na entidade, para que tenham melhor qualidade de vida. Ele citou que os parlamentares têm essa obrigação, "pois quando queremos votos, nós os aceitamos de qualquer pessoa, independente de quem seja ou do que faça para sobreviver".
A proposta recebeu fortes críticas, principalmente da bancada evangélica da Câmara. Em resposta ao discurso do vereador Leonel Feitoza (PSB) que acusou a bancada evangélica da Câmara de Manaus de intolerância, o vereador e pastor do Ministério Internacional da Restauração (MIR), Marcel Alexandre (PMDB), negou que tenha discriminado alguém e sustentou que não é contra a associação. Marcel disse que como pastor faz parte da instituição que mais recebe pessoas sem discriminação. "Não sou anti-prostituta nem anti-gay. Sou pró-família, sou pró-sociedade organizada, sou a favor de uma sociedade que caminha valorizando seus princípios e aquilo que crê", frisou o vereador, dizendo que concorda que a associação precisa de ajuda, mas que o Legislativo não pode tornar isso uma lei. "Não podemos fugir da realidade de que o que a gente faz aqui repercute como senso de valor na sociedade e temos que ter responsabilidade, pois podemos achar que estamos fazendo um beneficio e estarmos fazendo um mal maior", falou.
Muitas foram as manifestações nos quatro cantos da cidade, sejam à favor e contra a proposta. Duas opiniões me chamaram a atenção. Uma publicada no blog clubedabaladeira (http://clubedabaladeira.blogspot.com/), do meu amigo Emmanuel de Aguiar, intitulada "Intolerância do Apóstolo". Outra foi a da jornalista Hermengada Junqueira postado no blogdoholanda (http://www.blogdoholanda.com/) com o título "Quanto Despreparo". Ambas seguem abaixo para os leitores deste blog. Sugiro, inclusive, que visitem também os blogs em comento.
Clube da Baladeira
Intolerância do Apóstolo, por Emmanuel de Aguiar
Do vereador e apóstolo Marcel:“A votação e tudo que a gente faz interfere no conceito dasociedade que nos elegeu para defender os seus interesses.”

De minha parte o vereador está redondamente equivocado. Os meus interesses não rimam com intolerância religiosa. Se o vereador acredita mesmo no que declarou, tentando justificar a sua intolerância à sociedade, fico curioso em saber qual será a sua justificativa para aceitar se vestir e se calçar para trabalhar metendo a mão no bolso do contribuinte todos os anos?
Eu tolero a idéia do título de utilidade pública para a Associação das Prostitutas e vou explicar por que mais adiante, mas não tolero ver meterem a mão no meu bolso e de todos os contribuintes, inclusive na bolsa das prostitutas, para pagar kit paletó para político andar engomado e arrumadinho.

Enquanto a prostituta, sem máscaras, vende o corpo nas praças públicas, nas esquinas, bares e boates, a grande maioria tentando sobreviver, gente da elite política, e não são poucos vereador Marcel, basta ler e ouvir os jornais todos os dias, vendem o corpo e a alma em troca de votos, cargos e perpetuação no poder. Será que estamos mentindo vereador? E aí! Cadê o seu discurso de intolerância em relação a isso e outras coisas graves, gravíssimas, que estão acontecendo diante do seu nariz? Ou será que vai nos dizer que não está acontecendo nada!

Mas, já que o nobre vereador é religioso, creio que não precisamos lembrar que prostituição e prostitutas existem desde antes de Jesus Cristo. E mais! Daquele tempo para cá, os poderes públicos e os homens públicos como o senhor, caro vereador, eleitos inclusive com o voto das prostitutas, e que teriam o dever de encontrar a solução para esse problema, em vez disso só conseguiram mesmo é afiar a língua, atrofiar as idéias e engrossar o discurso da intolerância.

Cansadas de esperar por políticos e por políticas públicas decentes, as prostitutas se organizaram e agora querem apenas um instrumento para que elas mesmas possam correr atrás de ajuda e benefícios que, pela constituição, é um direito de todos. Se o vereador acha que não ficou devendo desculpas às prostitutas pela sua postura e intolerância diante do assunto, pelo menos quando encontrar uma delas, quem sabe até uma eleitora sua, que tenha pelo menos a dignidade de agradecer o voto, o salário, as mordomias e o kit paletó que recebe para andar engomado e arrumadinho. Ela também paga por tudo isso e muito mais.

Por aqui vamos continuar atentos. Se meu vereador, que alias também é religioso, seguir essa linha de intolerância, uma coisa é certa – vão ficar sem o meu voto e de muitos outros.
Blog do Holanda
Quanto Despreparo, por Hermengada Junqueira
SOBRE A CONCESSÃO DE TÍTULO À ASSOCIAÇÃO DAS PROSTITUTAS - Acho muito engraçado que os vereadores ainda se permitam aceitar posturas tão sectárias ...
Não faz muito tempo – menos de um mês – se discutiu, quase à exaustão, o caso do bispo de Olinda e Recife, que excomungou quem tivesse participado do aborto da menina de 9 anos de idade. O caso ganhou as manchetes do mundo; colocou-se em xeque a posição da igreja católica que o bispo representa, considerada conservadora, atrasada, retrógrada, etc. Esta coluna, mesmo, foi escolhida para fórum de observações e debates sobre o tema. E quando se pensava que a questão estava assentada, eis que surge polêmica parecida. Desta vez, também com conteúdo religioso, mas de outra igreja, evangélica.
O foco da questão, o projeto de lei apresentado pelo vereador Leonel Feitoza que concede título de utilidade pública à Associação das Prostitutas do Amazonas, encontrando forte resistência por parte dos vereadores que formam a banca evangélica na CMM. O projeto, diga-se, é correto. Apenas se quer dar à uma associação, a legitimidade para que suas associadas se beneficiem dos recursos e ferramentas sociais que o Estado concede aos cidadãos de modo geral como, de resto, acontece em qualquer País ou Estado civilizado.
Lendo, outro dia, entrevista do filósofo francês Michel Onfray, sobre a posição da Igreja em relação à política e ao Estado Moderno, vi a seguinte observação: é preciso elevar a condição humana e a filosofia preenche um vazio deixado pela religião que já não satisfaz a busca espiritual do ser humano do século XXI. Calma! Não estou aqui pretendendo que ninguém vire ateu. Nada disso. Mas que, diante das aberrações e manifestações desse tipo, dá pra pensar e refletir seriamente, aonde vamos parar se esses líderes se mantiverem dando as cartas!... Que perigo!
O vereador-preconceituoso, tal qual o bispo-reacionário, têm todo o direito de manifestar sua religiosidade e pregá-la ao seu próprio interesse, mas lá, para seus rebanhos... Mas vai uma diferença muito grande quando essa postura se coloca diante da sociedade e tenta influenciá-la, retirando-lhe e modificando-lhe valores essenciais de solidariedade, humanismo, generosidade, compreensão e tolerância. Trata-se de uma questão ética e ética, sinto muito, ninguém aprende com exercícios pirotécnicos de campanhas eleitorais, ou reuniões monumentais de religiões a ou b, em igrejas c ou d.
Acho muito engraçado que os senhores vereadores, em sua maioria, ainda se permitam aceitar posturas tão sectárias, sem a contrapartida necessária dos argumentos recomendados e existentes para contestá-las. Talvez porque a grande maioria é composta de pessoas absolutamente despreparadas e desprovidas de qualquer conteúdo intelectual ou educacional, que o seja. E, lamentavelmente, os que não fazem parte desse coro, se omitem com medo da ameaçada representatividade. Trocando em miúdos: vendem a alma pro diabo mas não votam com o bom senso, com medo de perderem voto na igreja a ou b. Bom, mas pra isso tem a opinião pública, que deve estar sempre atenta. E onde houver um mínimo de atenção, fiquem certos que podem ganhar, conquistar – como conquistam – as mais aterradoras vitórias mas, um dia, sabe-se lá quando, terão que prestar contas com a História!

6 comentários:

Rogério Rayol disse...

O mais interessante, em momentos como este é ver a mobilização e comoção da sociedade, seja contra ou a favor a posição dos vereadores Marcel e Leonel.
É uma pena que isso aconteça muito raramente e apenas com temas pra lá de polêmicos. A discussão é fundamental, o controle sobre o trabalho daqueles que nos governam também.
A pesar de também ser radicamente contra a posição do vereador/pastor Marcel Alexandre, consigo entender seu ponto de vista. Ele está jogando para a platéia (a sua), para aqueles fiéis que seguem segamente tudo que seu pastor dita como se fosse uma prescrição de remédio. Neste ambiente há muita hipocrisia, e não vai aqui uma crítica a religião de ninguém, apenas àqueles que são incapazes de respeitar o direito de terceiros na prática da sua própria fé.
Cabe agora aos demais vereadores deixarem claro suas posições sobre o tema e à sociadede cobrá-los.
O trabalho das prostitutas em sua maioria é honesto, coisa difícil de crer quando falamos dos nossos políticos.

Parabéns pelo Blog Zé.
Um abraço do amigo Rogério Rayol

Anônimo disse...

Não entendi: o vereador Leonel acha que as prostitutas, gays e lésbicas não são pessoas e que não têm dignidade? do modo como foi escrito é o q parece. Se realmente for, acredito que ele não merece representar os interesses de ninguém, a não ser os próprios interesses.
Que seja concedido o título a entidade, uma vez que essas pessoas são marginalizadas e que devolver um pouco de dignidade a alguém só faz bem, mas a partir do momento que diz que essas pessoas têm que virar "pessoas"... talvez seja porque ele é feio e para isso o único jeito é nascer de novo.

Anônimo disse...

Prezado Anônimo,
creio que não foi intenção do vereador Leonel Feitoza discriminar mais ainda esta classe que é tão oprimida em nossa sociedade. Quanto à beleza ou não do nobre vereador, a sugestão é interessante.
Abraços e obrigado por participar.
Zé Jorge

Anônimo disse...

Prezado Anônimo,
creio que não foi intenção do vereador Leonel Feitoza discriminar mais ainda esta classe que é tão oprimida em nossa sociedade. Quanto à beleza ou não do nobre vereador, a sugestão é interessante.
Abraços e obrigado por participar.
Zé Jorge

Anônimo disse...

ZÉ,FALA PRO LEONEL,QUE O PESSOAL DA RUA MONTE DAS OLIVEIRAS DO BAIRRO N S FATIMA 2 AINDA CONTINUA ESPERANDO A CONTRUÇÃO DA ESCADA QUE ELE PROMETEU NAS ELEIÇÕES ATRAZ,POIS AGORA EM DIANTE VOU COBRAR POR TODOS OS MEIOS QUE EU PODER,SOU GALUCIO MORO NA MESMA RUA E Ñ VOU DEIXAR ISSO PRA LÁ COMO OS OUTROS MORADORES.

Anônimo disse...

Obrigado por Blog intiresny