quarta-feira, 1 de abril de 2009

A PARÁBOLA DO MACACO

BLOG DE FATOS E IDÉIAS

Tomei conhecimento pelo blogdosarafa (http://www.blogdosarafa.com.br) que os jornalistas Neuton Corrêa, Ivania Vieira, Ana Célia Ossane e Wilson Nogueira lançaram um blog, o BLOG DE FATOS E IDÉIAS (http://www.textobr.com). Conheço o Neuton e Wilson, pelos quais nutro uma verdadeira admiração.

Segue abaixo a Parábola do Macaco de autoria do jornalista e filósofo Neuton Corrêa. A ilustração é de Carlos Augusto Myrria.

A parábola do macaco

Vi meu ex-professor de Metodologia e, de novo, voltei a sentir pena do macaco-da-noite. Encontrei o velho filósofo dentro do “cata-corno”, como é conhecida a rota Integração que circula dentro da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Famoso por dar adeus com a mão fechada, ele deixava seu carro no minicampus para não gastar gasolina nos oito quilômetros de ida e volta ao campus.
Mas não era isso o que me fazia lembrá-lo. Gostava do método com que ministrava suas aulas. Era tão didático que às vezes parecia mais um pregador de parábolas do que um professor universitário. Quanto mais complicado era o assunto, mais simples era a explicação.
Em setembro de 2006, por exemplo, ele apareceu com um texto chamado “Ecologia dos saberes”, que está no livro “A gramática do tempo”, do sociólogo português Boaventura de Souza Santos, que naquele mês havia lançado seu livro em Manaus, em uma palestra na Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
Distribuiu o assunto e pediu que a turma desse especial atenção às dezessete teses que o autor propunha e aos itens “Pluralidade externa”, “Pluralidade interna das práticas científicas” e “As condições da diversidade epistemológica do mundo”.
Bem... Deu um nó também na cabeça da gente. O mestre passou uma aula inteira para tentar mostrar o que o autor queria dizer. Primeiro, explicou o assunto de maneira abrangente. Depois, passo a passo. Mas não conseguiu dizer, claramente, que Boaventura estava fazendo uma crítica à importância que o mundo dá ao saber científico, discriminando as crenças e os saberes populares.
No meio da aula, ele percebeu que a turma ainda estava insegura. Foi quando apresentou a parábola do macaco-da-noite:
“Vou contar uma história para vocês:
- Um pesquisador do Inpa passou 20 anos estudando o macaco-da-noite. Descobriu tudo sobre ele: quantos anos vive, quantos elementos fazem parte do grupo, quantas fêmeas o líder possui, seus hábitos alimentares, seus costumes... Enfim, sabia tudo sobre o macaco-da-noite.
Mas o estudo apresentava um problema. Não conseguia explicar um mistério: por que o macaco-da-noite, em um período do ano, faz um barulho no tronco da árvore e depois grita e chora desesperadamente.
Para tentar achar uma resposta ao mistério, o Inpa promoveu um encontro com os mais famosos estudiosos de primatas do mundo. Passaram um dia inteiro discutindo o assunto. E nada!Pois, nesse encontro, tinha um caboco que estava arrumando o auditório. Ouviu toda a conversa e a conclusão do evento: os pesquisadores não sabiam por que numa determinada época do ano o macaco-da-noite gritava com dor.
Esse caboco chamou um pesquisador e falou: “Eu sei!”. O pesquisador se espantou!, reagindo: “Sabe nada”. Aí, ele começou a explicar para o cientista:
- O senhor já percebeu que ele geralmente grita por volta de dezembro, janeiro e fevereiro?
E o pesquisador concordou:- É verdade. É nesse período.
- O senhor não percebeu que antes de gritar ele desce da árvore e depois volta?
- É verdade?
- Pois é, disse o caboco: É porque nessa época está caindo ouriço de castanha.
Aí, o pesquisador ficou curioso:- E o que tem a ver isso?
- É porque, quando o ouriço cai, o macaco desce da árvore, pega a castanha, enrola no rabo e volta para árvore.
O pesquisador concorda:
- Sim.
Aí, aquele homem simples deu a reposta ao mistério que a ciência não conseguiu descobrir:
- Pois bem. Depois que ele sobe, ele tenta quebrar o ouriço. Senta no galho da árvore e começa a bater o ouriço no meio da perna. Bate, bate, bate, mas, às vezes, ao invés de acertar o galho, acerta o ovo dele e aí, mano, ele entra em desespero.

2 comentários:

Myllana disse...

Vizinho de blog meu querido "El Ca..." :P
Como o sr é quase Ministro decidi não revelar sua alcunha..hahahaha

Zé Jorge disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkk
Minha querida amiga, não se preocupe. Um El Caralhon será sempre um El Caralhon!!! Independente de tudo!!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Obrigado pela visita!
Bjos
Zé Jorge