Procura-se cobrador de faltas na seleção brasileira!

A equipe titular esboçada por Dunga para o Mundial da África do Sul rompe com várias tradições da seleção brasileira. Não é, por exemplo, uma potência ofensiva: o time marca impiedosamente, toma a bola do rival e engatilha velozes contra-ataques. Seus grandes craques não estão só no ataque: a defesa reúne alguns dos seus jogadores mais respeitados. E quando se olha a escalação, mais uma curiosidade chama atenção: ao contrário de todas as grandes seleções do país no passado, o time atual tem escassez de bons cobradores de faltas.

É difícil lembrar qual foi a última vez que o Brasil foi para uma Copa sem batedores excepcionais para suas jogadas de bola parada. A tradição brasileira nesse quesito inclui nomes como Nelinho, Eder, Zico, Branco, Bebeto, Roberto Carlos e Rivaldo, só para ficar nos Mundiais disputados nas últimas décadas. Na formação principal de Dunga, porém, poucos jogadores se arriscam nas faltas diretas ao gol. No caso das faltas frontais - uma das jogadas de maior perigo no futebol atual, que costuma oferecer poucas chances de conclusão à meta -, o caso é crítico. Elano se arrisca em algumas cobranças. Robinho também pode tentar. Não há, porém, nenhum especialista.

A maior arma brasileira em caso de faltas perigosas está atualmente no banco de reservas: o lateral-direito Daniel Alves, reserva de Maicon, já deu à seleção uma vaga na final da Copa das Confederações marcando um golaço contra a África do Sul. Também é um dos cobradores oficiais do Barcelona - o que não é pouca coisa, já que a equipe catalã tem talentos como Messi, Ibrahimovic, Henry, Xavi e Iniesta. Muitos comentaristas brasileiros apostam que Daniel começará a Copa no banco mas logo encontrará uma vaga na equipe - não no lugar de Maicon, mas sim como o meia que ataca e defende pela direita, espaço hoje disputado por Elano e Ramires. Se isso acontecer, o Brasil resolve pelo menos um problema: em caso de jogo truncado e sem muitas oportunidades de gol, pode sempre apostar numa cobrança certeira de falta, como a que deu uma vitória marcante à seleção na própria África do Sul no ano passado.

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/copa-2010/ em terça-feira, 16 de março de 2010